quarta-feira, 17 de agosto de 2011

AMARE E DILIGERE


O latim possui dois verbos para AMAR:

AMARE que é o amar por inclinação, por simpatia, designando tanto o amor puro como o amor sensual, e que de modo geral é motivado pela paixão irrefletida. Amare pode ser dito tanto dos homens quanto dos animais.

DILIGERE é o amor fundado nos méritos, nas boas qualidades do objeto ou pessoa amada, e é efeito de uma eleição meditada. Diligere só pode ser dito dos homens.

Paulo Barbosa.

O SEMIDEPOENTE ÀS AVESSAS

O verbo REVERTOR VOLTARTORNAR  é o único semidepoente às avessas, ou seja, enquanto os quatro verbos semidepoentes - audeogaudeosoleo fido - têm formas ativas no sistema do infectum e passivas no sistema do perfectum, revertor tem formas passivas no infectum e formas ativas no perfectum. Além das formas ativas no perfectum, encontra-se também a forma perifrástica: reversus sum, es, est, reversi sumus, estis, sunt.

SISTEMA DO INFECTUM: PRESENTE, IMPERFEITO E FUTURO INDICATIVOS

Revertor = eu volto
Reverteris = tu voltas
Revertitur = ele (ela) volta
Revertimur = nós voltamos
Revertimini = vós voltais
Revertuntur = eles (elas) voltam

Revertebar = eu voltava
Revertebaris = tu voltavas
Revertebatur = ele (ela) voltava
Revertebamur = nós voltávamos
Revertebamini = vós voltáveis
Revertebantur = eles (elas) voltavam

Revertebar = eu voltarei
Reverteberis = tu voltarás
Revertebetur = ele (ela) voltará
Revertebemur = nós voltaremos
Revertebemini = vós voltareis
Revertebentur = eles (elas) voltarão


SISTEMA DO PERFECTUM: PERFEITO, MAIS-QUE-PERFEITO, FUTURO PERFEITO INDICATIVOS


Reverti = eu voltei
Revertisti = tu voltastes
Revertit = ele (ela) voltou
Revertimus = nós voltamos
Revertistis = vós voltastes
Reverterunt = eles (elas) voltaram

Reverteram = eu voltara
Reverteras = tu voltaras
Reverterat = ele (ela) voltara
Reverteramus = nós voltáramos
Reverteratis = vós voltáreis
Reverterant = eles (elas) voltaram

Revertero = eu terei voltado
Reverteris = tu terás voltado
Reverterit = ele (ela) terá voltado
Reverterimus = nós teremos voltado
Reverteritis = vós tereis voltado
Reverterint = eles (elas) terão voltado

Paulo Barbosa.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A ETIMOLOGIA DA CRISE


CRISIS é substantivo feminino latino que significa o ponto decisivo de uma doença, crise. A origem da palavra é o grego krisiz, decisão, que se prende ao verbo krinw, julgar, decidir, correspondente grego do verbo latino cerno, ere. É uma palavra da terminologia médica, mas pelo fim do século XVII foi transferida do campo da medicina para o da economia, e mais tarde para o da política.

Paulo Barbosa.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O VINHO EM ROMA


Para VINHO em latim existem três palavras, mas cada uma com um matiz diferencial em relação à bebida:

VINUM é a que encerra a ideia mais geral ou extensa da bebida de Baco, servindo, então, para designar o vinho em geral.

MERUM é o vinho puro, que não foi misturado com água ou com qualquer outra mistura. Rigorosamente, merum é adjetivo - merus, mera, merum - e significa puro, sem mistura, simples.

TEMETUM é o vinho que embriaga, que sobe à cabeça, que deixa tonto. Parece provir de quod mentem tentet = o que ataca a mente.

Paulo Barbosa.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

CARIOCA, O DESCENDENTE DE BRANCO


CARIOCA é um nome apelativo que vem dos índios. Em muitos dicionários encontramos por étimos os elementos CARI, BRANCO, mais OCA, CASA, sendo este último um sufixo designativo de procedência. A palavra, então, significa DESCENDENTE DE BRANCO.

Teodoro Sampaio, historiador brasileiro, filho do padre Manuel Fernandes Sampaio com a escrava Domingas da Paixão do Carmo, na sua obra "O Tupi na Geografia Nacional", assevera:

"Também com os sufixos hoc, oc, ac, ua indicavam a procedência do indivíduo. Depois da invasão dos europeus e durante a catequese e colonização, muitos nomes se formaram, traduzindo relações novas e exprimindo a mescla das raças em presença.

Ao homem branco, quando tratado em boa parte, denominavam caray, e, segundo os dialetos, cariba ou caraíba, cujo significado é superior, forte, astuto, sábio, santo, pois que atribuíam aos europeus faculdades extraordinárias.

Ao descendente do branco denominavam cariboc, que quer dizer tirado ou descendente do europeu, de onde se origina, por corruptela, o nome cariboca, tão usado no norte do Brasil para designar o mestiço que traz nas veias o sangue do branco.

O nome carioca, com que ainda hoje se designam os naturais da cidade do Rio de Janeiro, tem a mesma origem e significado".

Paulo Barbosa.

GOITACÁS, O CORRETO



GOITACÁ era o indígena membro da tribo dos GOITACÁS, que habitava o litoral brasileiro desde o Espírito Santo até o Norte do Rio de Janeiro.

Como vimos, o plural de goitacá é GOITACÁS, da mesma maneira que o plural de tupinambá é tupinambás, de goiá é goiás. Erra, portanto, e muitos erram, quem pensa, profere e escreve GOITACAZES ou CAMPOS DOS GOITACAZES, achando ser este o plural correto. 

Se o plural de tupinambá não é tupinambazes, e o de goiá não é goiazes, também o de goitacá não é goitacazes.

Paulo Barbosa.

ADVÉRBIO E CONJUNÇÃO. POR QUE / POR QUÊ / PORQUE

ADVÉRBIO é a palavra invariável que modifica verbos, adjetivos ou outros advérbios, indicando circunstâncias de tempo, lugar, modo e que também serve para interrogar, perguntar.

CONJUNÇÃO é a palavra invariável que serve para ligar ou unir dois termos ou duas orações. Pode coordenar e subordinar.

É por não conhecer estas duas classes de palavras que muitos não sabem a diferença de POR QUE, POR QUÊ e PORQUE.

Quando ADVÉRBIO INTERROGATIVO DE CAUSA em português, só em português, os elementos são SEPARADOS, tanto nas interrogações diretas quanto nas indiretas. Quando insulado ou no fim do período, traz o acento circunflexo. Assim:

Interrogação direta: POR QUE você não compareceu à reunião? 

Interrogação indireta: Quero saber POR QUE você não compareceu à reunião?

                                     Você não vai, POR QUÊ?


Quando CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA CAUSAL os elementos são UNIDOS, ou seja, é uma só palavra. Assim:

Não fui PORQUE estava viajando.



Estranho é, em português, a ortografia oficial exigir o QUE separado do POR quando advérbio interrogativo. Em latim, o CUR, e principalmente o QUARE, palavra composta, sempre foram grafados como uma só, assim também como em italiano, 'PERCHÉ', em francês, 'POURQUOI', em alemão, 'WARUM' e em inglês, 'WHY'.

Paulo Barbosa.