quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CASOS LATINOS II: DECLINAÇÃO E CASO

Em latim há três tipos de palavras:

as que são declinadas, ou seja, as que sofrem variações desinenciais, tais como os substantivos, adjetivos e pronomes;

as que são conjugadas, isto é, as que sofrem modificações para indicar a pessoa, o número, o tempo, o modo e a voz, tais como os verbos;

as que são indeclinadas, ou seja, as que não sofrem variações desinenciais alguma, tais como os advérbios, as preposições e as interjeições.

Vê-se, portanto, que as classes de palavras latinas são tripartidas: umas são declináveis, outras conjugáveis e uma terceira indeclináveis.

As alterações das palavras declináveis e conjugáveis são denominadas de FLEXÕES. FLEXÃO, portanto, é a alteração desinencial dos dois primeiros grupos de palavras acima, ou seja, dos nomes (substantivos, adjetivo e pronomes) e dos verbos.

Quando se diz que os nomes são declinados se quer dizer, então, que são desviados do rumo, que são afastados de um ponto ou de uma direção. Aliás, este é o significado de declinar = desviar-se ou afastar-se de um ponto ou direção. E qual seria a ponto ou a situação de onde o nome é desviado, deslocado, afastado? O ponto de onde os nomes se desviam é o CASO NOMINATIVO, o caso reto, o caso em que a palavra não está dependente de outra na oração, figurando como sujeito, muitas vezes.

Declinar um nome latino é, pois, desviá-lo ou afastá-lo do caso nominativo, o caso reto, para os demais casos oblíquos, o genitivo, o dativo, o acusativo e o ablativo.

Vê-se, também, que declinação tem relação com CASO

CASUM, em latim, é o particípio do verbo 'cadere' = 'cair', e significa 'caído', 'que cai', 'desviado'. Refere-se, portanto, a alguma coisa que se desviou dos padrões ou paradigmas normais, costumeiros, comuns.

Em língua latina, como já visto em outro post (http://topicosdelatinidade.blogspot.com.br/2014/02/casos-latinos-i.html#links), caso é a forma que um nome assume de acordo com a função que exerce na oração em que figura. A forma fundamental ou original do nome é o nominativo, chamado caso reto (= caso independente), enquanto os desvios (casum = a queda, o desvio) são os denominados casos oblíquos (= casos dependentes), quais sejam o genitivo, dativo, acusativo e ablativo.

O nome latino tem, portanto, uma forma fundamental, original, correta, íntegra, reta, que é o nominativo, que, por isso mesmo, não é um caso, não é um desvio, um deslocamento, mas é chamado de caso somente por analogia com os demais, e outras formas desviadas, afastadas da forma normal, que são os verdadeiros casos (casum = desvio) e oblíquos, dependentes de outros termos oracionais.

Há seis casos em latim, o que quer dizer, seis formas, seis aspectos exteriores que um nome assume para indicar a função que exerce na oração: o Nominativo, o Vocativo, o Genitivo, o Dativo, o Acusativo, o Ablativo. Cada caso possui dois números, o singular e o plural.

SINGULAR 

ros -a  -   Nominativo = caso do nome, do sujeito. Tradução: a rosa, rosa
ros -a  -   Vocativo = caso do apelo, do chamado. Tradução: ó rosa
ros -ae -   Genitivo = caso do adjunto adnominal. Tradução: da rosa
ros -ae  -  Dativo = caso do complemento verbal indireto. Tradução: à rosa, para a rosa
ros -am  - Acusativo = caso do complemento verbal direto. Tradução: a rosa
ros -a     - Ablativo = caso dos vários adjuntos adverbiais. Tradução: com a rosa, pela rosa

PLURAL:

ros -ae - Nominativo. Tradução: as rosas, rosas
ros -ae - Vocativo. Tradução: ó rosas
ros -arum - Genitivo. Tradução: das rosas 
ros -is - Dativo. Tradução: às rosas, para as rosas
ros -as - Acusativo. Tradução: as rosas
ros -is - Ablativo. Tradução: com as rosas, pelas rosas

O substantivo rosa aqui declinado, ou seja, desviado do caso reto ou do nominativo, faz parte de um grupo de nomes que tem o tema em -a, isto é, pertence a um grupo de nomes que finaliza a parte invariável na vogal -a. Outros nomes de tema em -a, e portanto, declinados como rosa, são: 

casa = choupana

vita = vida

Maria = Maria

terra = terra

caupona = taberna

O -a do caso nominativo não é, portanto, desinência casual, mas é o próprio tema, é a mesma vogal temática (elemento que permite a ligação entre o radical e as desinências).

E o grupo de nomes latinos que finaliza o radical com a vogal -a pertence ao que se denomina de PRIMEIRA DECLINAÇÃO

Há outros mais quatro grupos de nomes que terminam o radical com outras vogais temáticas e até consoantes temáticas, perfazendo, então, CINCO DECLINAÇÕES latinas.

DECLINAÇÃO, em latim, tem dupla acepção, portanto:

1. significa o desvio que um nome assume em relação à forma original, que é o nominativo, ou seja, é o conjunto das flexões de um nome conforme os casos, conforme as funções que exerce na oração. 

2. significa o grupo de palavras segundo o tema, isto é, segundo a vogal ou consoante que finaliza o radical. Há cinco declinações em latim, ou melhor, há cinco grupos de nomes arrumados, dispostos segundo o tema. Vimos que a primeira declinação ou o primeiro grupo nominal é aquele de tema em -a, como rosa.

Paulo Barbosa

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