domingo, 8 de novembro de 2015

A EDUCAÇÃO ROMANA

Pouco se sabe acerca da educação romana, dos métodos usados para o ensino da língua latina, seja no seio da família, seja nas primitivas escolas. No entanto, pode-se deduzir através das escassas informações e referências ocasionais de gramáticos, historiadores e escritores, que o pragmatismo era a característica fundamental do ensino em Roma, cujo povo revelava, em todos os aspectos de sua vida, tendências francamente práticas e utilitárias. O historiador da Educação, Paul Monroe ensina que "a educação romana era principalmente um processo de "fazer" em oposição ao simples processo de "instrução", o que quer dizer, visceralmente prática, voltada para a atividade lucrativa seja em área for.

PERÍODOS DA EDUCAÇÃO ROMANA

A História da Educação em Roma pode ser dividida em 3 períodos, abrangendo o 1º período desde a fundação de Roma até mais ou menos 250 a.C; o 2º período, de 250 a 100 a.C.; e o 3º período, de 100 a.C. a 100 d.C.

PRIMEIRO PERÍODO: PAI, MÃE E PARENTES SÃO OS EDUCADORES

No primeiro período (753-250 a.C), os preceptores da criança romana eram o pai, a mãe ou algum membro da família. Não existia ainda neste tempo influência estrangeira, helênica, sobretudo, em Roma. Na realidade, a primeira professora da criança era a própria mãe, que a iniciava na linguagem doméstica, não só proporcionando os primeiros elementos do vocabulário familiar, à medida das necessidades, como também corrigindo a maneira de expressar da criança.
O historiador Tácito, no Diálogo sobre os oradores,  louva o hábito romano de se preferir a educação materna à educação governamental, quando diz 'Iam primum, suus cuique filius, ex casta parente natus, non in cella emptae nutricis, sed gremio ac sinu matris educabatur, cuius praecipue laus erat tueri domum et inseruire liberis". Continuando depois, este mesmo historiador traz inúmeros exemplos da participação direta dos pais na educação dos filhos, reafirmando mesmo, não costumarem as antigas matronas romanas confiar os filhos a amas mercenárias: "Sic Corneliam Gracchorum, sic Aureliam Caesaris, sic Atiam Augusti matrem praefuisse educationibus, ac produxisse principes liberos accepimus".

SEGUNDO PERÍODO: O PEDAGOGO E AS PRIMEIRAS ESCOLAS

No segundo período (250-100 a.C.), quando Roma começa sua expansão territorial e a influência helênica começa a se impor, aparece a figura do pedagogo ou escravo, surgindo as primeiras escolas na Urbe.  Porém a instrução preferentemente continuava ainda sendo ministrada em casa, diretamente pelos pais. Paul Monroe, na sua História da Educação, diz que em Roma, era "no lar que se ministrava uma educação definida, de caráter positivo de grande valor". É verdade que este tipo de educação familiar variava  naturalmente de acordo com o nível social e cultural da própria mãe, pois, quando era plebéia, não podia proporcionar a seus filhos conhecimentos iguais àqueles próprios de uma mãe instruída ou de condição social elevada.

Segundo Plutarco, o primeiro a abrir um recinto destinado à instrução, a escola, foi Spúrio Carvílio, cônsul em 234 a.C., por volta de 250 a.C. Nesta sua escola os professores eram remunerados com um soldo estipulado, enquanto os professores anteriores a este tempo só recebiam ofertas espontâneas de acordo com a generosidade dos pais dos alunos.

Jerome Carcopino, na sua excelente obra La vie quotidienne à Rome - Paris Hachette 1939, diz que "depois dos primeiros anos de infância, as mães de recursos confiavam o filho à orientação de um pedagogo, que não passava de um escravo grego escolhido com certas cautelas e comprado por bom dinheiro. A tal mestre eram dadas certas e determinadas instruções para exercer sua missão de preceptor".

TERCEIRO PERÍODO: AMAS, AUXILIARES DA MÃE NOS PRIMEIROS RUDIMENTOS

No terceiro período (100 a.C.-100 d.C.), a influência grega em Roma chega ao máximo; aparecem as amas que tinham funções ligadas ao serviço educativo das mães. Nesta época, após os primeiros anos de infância, o pai tomava a si a educação dos meninos, e estes iam observando as atitudes e ações paternas para imitá-las. Depois aprendiam as tradições acerca da família e dos heróis nacionais, um verdadeiro curso elementar de história pátria. Paul Monroe, na obra citada, afirma que "nenhum outro povo usou tão eficazmente as personalidades importantes de sua própria história para a formação do caráter da juventude de cada geração", e Plauto deixou consignado na Mostelária, que os pais ensinavam os filhos a ler, além de lhes dar noções sobre as leis: "Expoliunt, doceat litteras, iura, leges, sumptu suo et labore".

Acredita-se que para este fim, foram empregadas as narrativas lendárias e heróicas dos primitivos romanos, tendo estas servido de textos de leituras nas primeiras escolas fundadas, bem como a execução de canções glorificadoras desses mesmos feitos, que, desde a infância, aprendiam a cantar em honra de seus ancestrais.

Paulo Barbosa

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