segunda-feira, 9 de novembro de 2015

HISTÓRIA DO "NE SUTOR"


APELES foi um dos mais famosos pintores da Antiguidade, nascido em Cólofon, cidade grega, no ano de 352 a.C. Certa feita, segundo narra Plínio o Velho (35,36,85), escritor, naturalista e gramático romano, Apeles foi criticado com razão por um sapateiro pela maneira como pintara num de seus quadros um calçado. Porém, após esta crítica reconhecida pelo pintor grego como razoável, tomou liberdade o sapateiro de fazer novas censuras ao restante do quadro. Apeles permitia, no entanto, que o sapateiro desse apenas conselhos relativos ao que lhe era conhecido, as sandálias, e então lhe dirigiu a famosa resposta: Ne supra crepidam sutor iudicaretQue o sapateiro não julgue mais do que sandália.

Essa resposta proverbial tem uma variante abreviada e mais popular: Ne sutor supra crepidamnão vá o sapateiro acima da sandalha, e hoje em dia pode ser usada para recomendar a consciência salutar que o homem deve possuir de suas limitações próprias, e mais que isso, que cada um deve executar o ofício que para tal é competente. 

Enfim, em Paulino de Nola (Epistola, 12,3) encontra-se uma variante que em vez do sapateiro aparece o oleiro: Figulo tantum in argillam suam ius estO oleiro só tem direito sobre sua argila.

Quiçá fosse ouvido, entendido e seguido este provérbio, e não teríamos em diversos lugares, sobretudo nos estabelecimentos de ensino, nas escolas, nas faculdades, usurpadores incompetentes e insipientes, tentando ultrapassar o 'espírito de chinelo' que lhes são inerentes.

Paulo Barbosa

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