quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O ENSINO FUNDAMENTAL EM ROMA. ESCOLAS PRIMÁRIAS

PRIMEIRAS ESCOLAS: TABERNA OU PERGULA

Pérgula 
As primeiras escolas em Roma apareceram na vigência da República e estas não dispunham de edifícios próprios. Pode-se afirmar que a localização da escola, assim como da sala de aula, eram um verdadeiro atentado às mais comezinhas normas pedagógicas, pois se localizavam em um qualquer lugar disponível, como uma varanda contígua a uma taverna, ou um beiral aberto para a rua e apenas separado da via pública por uma cortina ou esteira. Este recinto de estudo era chamado "Taberna" ou "Pergula". 

Afrânio Peixoto, na História da Educação, diz que essas humildes escolas situavam-se na confluência das ruas, nos 'triviis, três caminhos', donde começaram a ser denominadas de 'triviales, triviais'.

O MOBILIÁRIO

O mobiliário era tosco e reduzido, não havendo mesas para os alunos, que sentados em bancos simples, pousavam sobre os joelhos suas tabuazinhas enceradas quando precisavam ler ou escrever alguma coisa. O mestre ocupava um assento mais elevado que se chamava "cathedra", cadeira do professor. Este assento repousava sobre um estrado ou palco chamado "pulpitum". Ao lado da "cathedra" do "magister", do mestre, havia um outro assento denominado "sella", onde se assentava o pedagogo assistente a que já vimos em anteriores artigos.

OS RUÍDOS DA RUA, A GRITARIA DO MESTRE

Não existia um sistema que interceptasse os ruídos da via pública nestas escolas, podendo bem se avaliar com quanto esforço de atenção deviam ter os alunos para ouvir as explicações do mestre ou com quanta dificuldade conseguiria, por sua vez, um mestre prender a atenção daqueles e motivar-lhes a aula. Foi por este motivo, pela tentativa de dominar os ruídos provenientes dos arredores da escola, que alguns poetas satíricos de Roma apresentam o mestre-escola  da Urbe como um "gritador". Marcial, poeta epigramático latino do século I d.C., alude a esta característica do mestre, referindo-se à tristeza que sente a criança quando chega à idade de trocar as brincadeiras da infância pelas atividades da escola, ao afirmar "jam tristis nucibus puer relictis clamoso revocatur a magistro" (EpigramasParis 1937). Em outra passagem, o mesmo autor narra que antes do canto do galo, já ressoa a voz do professor como um trovão, e que, tanto o professor quanto o padeiro, com os seus gritos, cerceavam aos Romanos o direito de viver em tranquilidade de manhã e à noite.

HORÁRIO ESCOLAR

O curso primário durava geralmente em torno de cinco horas. Jonh Sandys, em sua obra A Companion to Latin, Cambridge, 1938, diz que as aulas em Roma começavam habitualmente muito cedo, e que durante algum tempo, antes do canto do galo, saía o menino para a pérgula ou escola.

Se os pais do menino estudante eram ricos, possuíam um escravo para transportar a mochila cheia de livros e tabuazinhas enceradas. Este escravo era chamado "Capsarius", aquele que levava a "Capsa", a pasta escolar.
Se, ao contrário, eram pobres, os próprios alunos carregavam seu material escolar.

Em caminho para a escola, costumavam os meninos passar por uma padaria qualquer, onde compravam pães e doces que lhes serviriam de merenda. Voltavam para casa na hora do "prandium", retornando em seguida escola. A duração exata do dia escolar não é conhecida, sendo certo, porém, que passavam as crianças a maior parte do dia no colégio.

ESCOLAS MISTAS EM ROMA?

Não é certo que a co-educação ou sistema de escolas mistas - meninos e meninas na mesma classe - fosse adotado pelos Romanos, porém, talvez em alguns lugares, tivesse esse sistema educativo. É fato que em Cápua foi encontrada uma lápide do túmulo de um "litterator", um professor primário, em que aparecia o busto do mestre ladeado por um menino e uma menina. Disto, no entanto, apenas se pode concluir que meninos e meninas eram instruídos por um mesmo mestre, mas não obrigatoriamente ao mesmo tempo, na mesma classe.

Paulo Barbosa

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