quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O PRECEPTOR E O MESTRE EM ROMA


O PRECEPTOR

Preceptor Romano
O menino, no terceiro período da educação Romana (100a.C-100d.C.), dos 7 aos 16 anos era confiado geralmente aos cuidados de um mestre que, além de lhe ensinar a falar corretamente, até mesmo o grego, prescrevia-lhe normas de bom tom e conselhos morais - era o PRECEPTOR. Este preceptor era chamado por vários nomes: PEDISEQUUSCUSTOSCOMES ou RECTOR, e tinha obrigação de acompanhar o aluno por toda parte, e quando o levava à escola, ali permanecia aguardando-lhe a saída.

O Imperador Augusto (63 a.C-14 d.C.), mandou reservar no teatro um recinto em que o referido preceptor, de um assento especial e um tanto elevado, pudesse vigiar seu pupilo durante os espetáculos.

O preceptor, então, era uma espécie de professor particular, que ensinava a gramática e dava preceitos - daí o nome genérico preceptor, de preceito - morais e de etiqueta para o pupilo.

O MESTRE-ESCOLA

Escola Romana
Além do preceptor, porém, havia o MESTRE-ESCOLA, aquele que apenas lecionava na escola, e que conforme o grau de ensino chamava-se LITTERATOR,GRAMMATICUS RHETOR.

Litterator era o professor primário que tinha por missão ensinar as primeiras letras, ou seja, era o alfabetizador, e sua escola era denominada de Ludus Litterarius, o que dá a entender que suas aulas eram divertidas, um passa-tempo, uma espécie de Jardim de Infância. O próprio Quintiliano (35-96 d.C.), orador, filósofo e retórico, era de parecer que no Ludus o ensino devia ter mesmo uma feição mais de jogo ou entretenimento do que de trabalho formal, para que o estudo não viesse cansar ou aborrecer a criança.

Aliás, a própria etimologia da palavra escola, que procede do grego, significa ócio ou lazer.

Grammaticus, logo em seguida, era o professor do ensino secundário, onde se ensinava a língua grega. Não devemos pensar ser apenas uma extensão do currículo primário, mas introdução de um aspecto de ensino mais elevado, de uma nova orientação didática, de um tipo de cultura geral, como que uma espécie de ensaio para a 'humanitas' que mais tarde seria objeto do curso superior. 

Ao se tornar adulto, o menino recebia a 'toga virilis', e estava, então, apto a ingressar na escola do grammaticus, onde se iniciava no estudo gramática e da literatura.

Esta escola era de caráter nitidamente helênico e por isto é que Catão (234-149 a.C.), político Romano cognominado O Censor, apesar de ter sentido a necessidade de estudar Demóstenes e Tucídides para consolidar seus conhecimentos oratórios, acautelava seu filho dos perigos da literatura grega, aconselhando-o a "inspicere, non perdiscere". Segundo o mesmo Catão, para a instrução de um 'vir bonus', de um bom cidadão, o essencial era a oratória, a agricultura, o direito, a medicina e a guerra, o que estava em flagrante constraste com a cultura literária exigida pelos professores de gramática de seu tempo.

Foi exatamente neste época catoniana que o Senado Romano acolheu na Urbe os primeiros professores de gramática e retórica, expulsos da Ásia e do Egito por Aristônico e Ptolomeu Fiscon. Todos estes mestres ensinavam o grego. 

Mais tarde, os mestres romanos, substituindo os estrangeiros, continuaram a seguir os mesmos métodos e a usar a mesma língua dos primeiros, o grego. Enquanto, porém, nas aulas de gramática o grego e o latim começam a se revezar, nas aulas de retórica só se falava em grego. 
Na escola de gramática o autor preferido era Homero, cujo comentário e interpretação foram sempre matéria obrigatória durante muitas gerações. Depois, a "Odisséia" traduzida por Andronico para o latim, figurava ao lado dos textos gregos, embora não fosse considerada como de igual importância.

Rhetor, por fim, era o mestre de retórica, a mais elevada das artes para o Romano, por ser mesmo o fim de toda educação. Enquanto a gramática habilitava o aluno a compreender a estrutura teórica do texto, a retórica estava destinada a habilitá-lo a produzir o texto em si como um todo. Era a escola de retórica de nível superior, último estágio do conhecimento pragmático do Romano.

O professor de retórica, segundo Quintiliano no A Formação do Orador, deve possuir algumas qualidades, como ser virtuoso e saber orientar o caráter do discípulo, saber discursar acerca do bom e do honesto, não possuir uma excessiva severidade, mas não deveriam ser negligentes. 

Paulo Barbosa

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